quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Cromos III - Pedrito dos Sousas O Jurista


Pedrito dos Sousas é, na definição do pai, um rapaz de muito valor.
E o patriarca  do clã dos Sousas, Vitor Cabeçudo, tem razões para afirma-lo.
O rapaz que, no bom estilo socrático, se intitula advogado ou jurista, conforme a situação, anda há mais de 9 anos  para acabar o Curso de Direito na UM, mas isso, para ele, também não tem importância nenhuma. Bem cedo concluiu que o título académico dá jeito, mas o melhor mesmo é ter um cartão partidário para subir na vida.
O progenitor pensava o mesmo, pois de há muito que vivia da politica. Fora até já vereador da Câmara, mas o avô Chico da Camarinha cortou-lhe as asas quando percebeu que o Vitor Cabeçudo tinha ambição para altos voos e se podia tornar perigoso para ele. Remeteu-o por isso à anterior condição de dono dos autocarros onde os seus voos eram mais terrenos. O Cabeçudo engoliu a desfeita, mas ficou com ela atravessada, pensando na estratégia que o colocasse novamente no lugar a que tinha direito tal era a sua dedicação ao partido.
A oportunidade surgiu pela mão filho. Palrador nato, de relacionamento fácil, com o sangue juvenil na guelra e com a inconsciência que o caracteriza e lhe permite emitir como verdadeiras as maiores barbaridades, aproveitou a universidade para atingir um cargo na Associação Académica.  A partir dai tornou-se numa espécie de missionário/pastor a arrebanhar “alminhas” que é como quem diz, aderentes ao cartão rosa.
Dando como exemplo o seu Guru Pinto de Sousa (outro Sousa), o senhor inginheiro que com o canudo tirado ao domingo de manhã, tinha chegado a chefe da aldeia, por causa daquele cartão mágico, não foi difícil convencer as ovelhinhas da UM a assinarem a proposta de adesão e a ficarem eternamente gratos ao Grande Jurista por lhes dar esta oportunidade.
O partido rosa em Braga ficou a abarrocar de militantes. Nunca outra se houvera visto. Os chefes abanavam a cabeça e reconheciam que aquilo que o pai dizia dele era mesmo verdade. O rapaz tinha grande valor e merecia lugar de destaque nos empregos partidários.
Contra vontade do filho, o Cabeçudo ainda sondou o avô Chico para  arranjar um lugarzito na autarquia para o Pedrito exercer nas horas vagas. Não era conveniente um lugar de cumprir horário, pois o rapaz ainda tinha de acabar o curso de Direito, mas uma coisa leve de acordo  com o seu valor, só para ganhar uns tostões para os alfinetes. Claro que o avô Chico que vê mais com um olho fechado que os outros com dois abertos, recusou, pois sabia que isso ia dar bronca, mas sempre prometeu interceder por ele para outros serviços.
Só que o Clã dos Sousas estava mesmo cheio do Avô Chico, viu o momento de lhe fazer a cama e preparar o assalto ao poder muito despercebidamente e com toda a democracia. Sim porque os Sousa são uns convictos democratas e grandes defensores de Braga que são dons de família, já que os Sousas se arrogam descendentes do grande Mendo de Sousa soldado de D. Afonso Henriques.
O Clã Sousa perfilou-se. Com os votos das ovelhinhas que o Jurista tinha arrebanhado na UM, tomou os órgãos diretivos do PS-Braga. Primeiro a concelhia, depois a concelhia juvenil, a seguir a Distrital juvenil… enfim o partido em Braga ficou nas mãos dos Sousas. Agora era o patriarca Cabeçudo que ia ditar as leis. E foi! Nas Autárquicas de 2009, quando o avô Chico se preparava para fazer a sua lista de vereadores concorrentes à Câmara e excluir dela a Titia Paulinha Moralizadora, apareceu chefe do Clã dizendo:
-Alto e pára o baile! Quem manda no partido sou eu. Portanto eu vou na lista como vice-presidente e a Titia vai em lugar elegível. Se assim não for pode ser que eu em vez de ir como vice, vá já como presidente.
O avô Chico engoliu em seco, ou melhor engoliu a Titia e aquela de Vice-presidente.
Estava montado o cenário para no novo capitulo que é a tomada da Câmara pelo Clã Sousa.
O Jurista para ocupar o tempo livre e dado o seu enorme valor foi promovido a adjunto do Governo Civil , enquanto o papá fazia de conta que já é presidente da Câmara.
Mas como sempre nestas coisas, já há problemas internos no CLÃ. O Jurista acha que todos lhe reconhecem o enorme valor e como agora se encontra no desemprego, pensa que o seu lugar é na cadeira da presidência da edilidade. O pai acha que essa cadeira dourada lhe pertence por direito e não está disposto a continuar como vice. Diz ele que não quer morrer sem sentar o rabinho em cima dos bracarenses.
Vamos vêr no que dá esta discussão interna entre os Sousas.

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