terça-feira, 3 de abril de 2012

Vai-te encher de moscas mais à áreapedonal


A organização da Capital Europeia da Juventude, tentou caracterizar Braga com alguns aforismos e ditos correntes na cidade e sobre a cidade. Fizeram-no com boa intenção, mas como já começa a ser uma imagem de marca da CEJ, sem o cuidado necessário que lhe confira autenticidade e é vê-los misturar ditos de Braga com calões próprios de outras regiões. Isto é, usam as frases, mas não sabem o que estão a dizer… E há uma expressão que se não é propriamente de Braga, é nortenha, e aplica-se cada vez mais à nossa Augusta Cidade.
“Ficar às moscas”- diz-se de um lugar, um evento ou um espetáculo que não tem gente ou assistência.
Pois é mesmo assim que está a ficar a nossa cidade: Às moscas. Sim porque para mim que vivo aqui em cima, quando digo que vou à cidade, vou à cidade delineada pelo D.Diogo, mais umas coisinhas…. E é exatamente aqui que os iluminados mandadores da cidade, tiveram a brilhante ideia, dizem eles, de construir a maior área pedonal do mundo.
Claro que os iluminados foram apoiados, por outros no aplauso à ideia e houve até já quem tivesse proposto esse record para o guiness.
E lá está uma daquelas situações em que o que parece não é. Embora os slogans que apoiam a ideia, tais como: “Devolver a cidade às pessoas” ou “A cidade para os cidadãos” possam levar-nos a pensar que realmente se trata de um grande feito, na verdade é um desastre.
Se não vejamos. Sem carros as pessoas não vão viver no centro, ficando as casas vazias. Dirão os entendidos: - Mas assim o centro histórico pode tornar-se um grande centro comercial. Poder pode, mas quem é que vai lá fazer compras se depois tem de andar com os sacos às costas. As lojas acabarão também por fechar.
Bem, opinarão alguns. Não se pode ter tudo. O que se pretende é criar no Centro Histórico um espaço que possa ser usufruído pelas pessoas, onde possam deslocar-se sem a poluição dos automóveis, para se divertirem e visitarem lugares culturais e de diversão.
Mas quem é que vai para lugares de diversão, sem transportes próximos. Quando muito irão alguns dos fundamentalistas da vida saudável, correr, caminhar ou andar de bicicleta aos domingos de manhã.
Fora disto o Centro Lindo da cidade será um lugar fantasmagórico sem pessoas, donde desaparecerá o comércio e em consequência todo o tipo de atividade. Depois de algum tempo sem pessoas, as construções degradar-se-ão e porque não terá interesse para ninguém acabará por degradar-se e ruir.
Nenhum lugar terá vida se não tiver pessoas. Os edifícios são coisas amorfas se não houver quem deles disfrute. A melhor forma de dinamizar um local e dar-lhe vida é por nele pessoas e crianças a correr. Mas para que aí se fixem é necessário dar-lhe condições. Inteligente, inteligente é conseguir dar a qualidade de vida das pessoas e a qualidade de vida passa pela conciliação das pessoas com as suas necessidades.
Ninguém vai ao Vianna tomar um café deixando o carro nos Peões, ou sendo deixado pelo autocarro no liceu D. Maria II. Para isso tomo o café na esplanada mesmo aqui ao lado.
E aí a cidade … Vai ficar às moscas.