quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Camarinha -O DIABÓLICO


O avô Chico da Camarinha ainda mexe, e de que maneira.
Embora tenha entrado no último ano do seu longo reinado à frente do feudo de Braga, não quer ir embora sem deixar sucessor. Eu já andava desconfiado do silêncio a que se remeteu, relativamente à confusão que se verifica nas hostes xuxialistas para a tomada do seu posto, mas agora entendi tudo.
Então não é que tudo o que se passa foi ardilosamente montado por ele?!
Pois é! Havia coisas que eu não entendia, mas agora fez-se luz no meu espirito e ficou tudo clarinho.
O avô Chico nunca perdoou a quem se atravessasse no seu caminho. Diz ele que pode até perdoar, mas que nunca esquece.
Não se esqueceu que o Toninho de Braga, apesar de seu primeiro Delfim, e que pela sua mão entrou nas altas esferas xuxialistas, de pois de subir na hierarquia começou a armar aos cucos, e quando vereador teve a veleidade de pôr em causa, ainda que particularmente e à boca fechada, a promiscuidade existente entra a Câmara e a empreiteiragem. Vai daí fez-lhe a cama enviando-o para as lisbias. Claro que como é seu timbre não o fez abertamente, antes disse-lhe que era bom para ele. Que um rapaz tão inteligente e conhecedor tinha tudo para singrar dentro do partido e até chegar a ministro. E o “rapaz” todo contente fez as malas e lá foi. Não chegou a ministro, mas chegou a secretário de ministro.
Depois entrou na Câmara o submisso Vitor Cabeçudo. Mal entrou o avô Chico farejou logo que ali não estava boa rês. Muito solicito, aquilo que se chama um mouro de trabalho, mas ambicioso e comerciante. Confirmou isso quando começou a ver o Cabeçudo, a comprar casa, a pôr barco na marina, a participar em jantaradas devidamente acompanhado pelos abutres do meio e se já andava desconfiado, ficou com certezas. Este tipo pode até ser prejudicial à minha imagem totalmente transparente como se tem visto pelas inspecções feitas à Câmara. E então, rua com ele da Câmara. Porque aqui só pode estar “gente séria”. Claro que o Vitor Cabeçudo não gostou e até promoveu uma festa de despedida em sua homenagem, dando sinal de que voltaria. E volto!
Voltou cheio de peito como dono do PS Braga, imposto ao avô Chico por essa circunstância e impondo também que o Nuno Al Poim que o Avô estava a preparar para a sua sucessão desamparasse também a loja . O avô engoliu em seco, mas logo de seguida fez-lhe notar que ele poderia mandar no partido, mas o dono da Câmara era ele. E para que ele ficasse ciente disso nem um pelourinho lhe distribuiu. Ficas na Câmara, mas aqui não mandas nada.
Estava o avô Chico a pensar como iria resolver o problema sa sucessão, já que com o Al poim fora e o Cabeçudo a mandar no partido a coisa estava complicada, quando a brigada do reumático xuxialista se lembra de lançar como candidato à Câmara de Braga, o Toninho de Braga que por força da derrota eleitoral tinha deixado o cargo de Secretário de estado.
O avô fica atarantado, mas recorrendo à manhosice que lhe é característica e habitual, chama de emergência o Vitor Cabeçudo e o Huguinho Assento da Chávena, que entretanto já tinha dito ao ouvido do avô que queria ser o seu sucessor, e diz-lhes em tom solene:
-Meus Senhores, eu sei que ambos querem sentar-se nesta cadeira, mas enquanto eu aqui estiver não quero guerras dentro da Câmara, por isso negoceiem como quiserem mas mantenham-se unidos. Pode até arranjar-se uma maneira de sentar aqui os dois. Um senta-se às segundas, quartas e sextas e outro às terças, quintas e sábados. Façam como quiserem mas evitem barulhos porque não estou em idade de ser incomodado. Eu sei que o Vitor é bom negociante e que o Huguinho está a ganhar experiência no campo. Por isso entendam-se que têm o meu apoio e da minha família.
Mas se o avô não chupa o Cabeçudo nem com limonada como poderia agora apoia-lo para tamanho cargo, estão os meus leitores a pensar e tem toda a razão em fazê-lo.
Mas não era esse o pensamento do avô Chico. Ele sabia muito bem o que estava a fazer.
Para disfarçar chamou até o Al poim e mandou-o apoiar o Vitor e o Huguinho informando-o só que lhes estava a fazer a cama e que talvez ele tivesse sorte.
E o Al poim obedecendo ao chefe e confiando na sua intuição não pôs em causa a estratégia do avô e vai daí contra tudo o que ditava a sua consciência, engoliu o sapo e apareceu de mãos dadas com o Cabeçudo. Ninguem entendeu isso e ele também não, mas se o avô dizia é porque tinha de ser.
Com todos estes apoios e todas as outras maquinações conhecidas o Vitor Cabeçudo e o Base de Chávena Ganham as eleições para mandar no partido.
E quando o Cabeçudo começa a embandeirar em arco e a pensar na cadeira do poder, eis que aparecem num jornal diário o resultado das negociatas que tinha feito na compra dos autocarros para a TUB. Agora adivinhem quem tinha acesso às cópias dos cheques e dos termos da negociata. Pois estão a pensar bem esse mesmo. É que ele pode perdoar, mas nunca esquece. Desta forma estão já dois fora da carroça, O Toninho de Braga, o Vitor Cabeçudo e até serão três porque o Huguinho coligado com o Vitor não tem peso para sozinho se impor ao avô Chico.
Poderia desta forma estar aberto o caminho para o Al Poim. Mas esse… não estava em lado nenhum, já que o cabeçudo que não é burro todos os dias, viu bem que ele ao apoiá-lo poderia ter uma segunda intenção e tratou de o por logo à margem, não lhe dando nenhum cargo na nova estrutura partidária.
Como iria agora o avô Chico resolver este problema?
Os que ele não queria estavam de fora, o que ele queria de fora estava.
Optou pela solução do NIM e na famigerada e prometida sondagem para a escolha do candidato, tira do bolso um independente fazendo constar que no meio desta confusão toda seria a melhor solução. Aparece por isso um tal de Zé Mentes que não se sabe de onde veio, ou por outra sabe-se que já antes se tinha oferecido para se candidatar à cadeira do avô ali para uma organização da Senhora-a-Branca.
O Circo está montado. Vamos vêr  como se desenrolam os próximos capítulos

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